E se nossas doações fossem mais assertivas?
No atual momento em que estamos passando, vimos um grande movimento de pessoas se mobilizando para ajudar aqueles que mais necessitam. Muito já está sendo feito, mas em meio a tantas doações, será que não existem lacunas que precisam ser preenchidas e que ninguém questiona quais são? Entende-se que todo tipo de doação é sempre bem-vinda, mas como podemos ser mais assertivos na hora de sermos solidários?
Foi a partir desses questionamentos que o gerente da unidade da Credicitrus de Pitangueiras, SP, Altanir Marini Netto, teve a ideia de ir mais a fundo e identificar o que ainda estava em falta para que as instituições da cidade pudessem continuar atendendo.
“Resolvi ir atrás das mais variadas instituições e formas de apoio social da cidade, levando sempre em consideração as que atendiam o maior público possível”, comenta Altanir, que realizou vários filtros entre as instituições e descobriu que algumas doações estavam sendo realizadas, porém sem efetividade no apoio às famílias carentes. Durante esse trabalho de pesquisa, descobriu que poderia ir além e entregar o que realmente era de extrema necessidade em cada uma das instituições.
Diante das visitas e conversas com as entidades de Pitangueiras, decidiu focar o apoio em quatro delas: a APAE, que atende em média 85 famílias; a Associação Assistencial Miguel Arcanjo da Silva – CAEMAS, que apoia cerca de 80 crianças; o Fundo Social de Solidariedade, que ampara em média 1.350 famílias, todas elas com atendimento mensal; e o projeto Marmitas do Amor, que chega a 200 moradores em situação de rua por dia.
“Tive o empenho de constatar a melhor forma de ajudar cada instituição no que fosse preciso. Conversei com todas e as orientei que precisávamos ser assertivos ao ponto de não atender as mesmas famílias em cada projeto”, afirma o gerente que complementa dizendo que nem sempre os doadores questionam quais as verdadeiras necessidades das instituições naquele momento, podendo gerar doações de itens que ficarão estocados para utilização futura, sendo que, às vezes, a instituição vizinha necessita daquele item naquele momento.
A situação de cada instituição
Na APAE de Pitangueiras, antes da pandemia, o almoço, lanche e higiene pessoal eram realizados no local. Porém como todos estão em casa, toda doação que é recebida é repassada para as famílias como forma de suprir essas necessidades. “Como cancelamos nossos eventos, não conseguimos levantar fundos para comprar os itens que geralmente não recebemos em doações da comunidade, então o apoio da Credicitrus foi essencial para a continuidade do nosso trabalho com os nossos alunos, mesmo a distância”, comenta Sandra Cristina Ferreira da Rosa Fernandes, diretora da APAE.
No CAEMAS, o item que mais estava em falta para compor as cestas básicas era o leite. Quando estavam de portas abertas, diariamente as crianças o consumiam na instituição, mas hoje está em falta na mesa de muitas famílias devido ao alto custo. A assistente social Carolina Aparecida Fernandes conta que esse alimento é um produto essencial na alimentação básica do dia a dia das crianças e que essa doação era o que faltava para suprir essa necessidade. “É um momento que os doadores em potencial não estão provendo muitas ações. E a Credicitrus veio em um momento muito necessário para a entidade, porque a gente não tem uma verba especifica para esse tipo de compra, só com parcerias que é possível promover uma doação desse tipo” destaca Carolina.
O Fundo Social de Solidariedade de Pitangueiras trabalha com uma visão mais ampla e se destaca no amparo às famílias mais carentes do município, onde o que realmente falta é o alimento para as refeições diárias. A presidente Ana Maria Pedro Soriano conta que muitas pessoas perderam os seus empregos durante a pandemia, gerando um aumento nos atendimentos. “Nossa região já é muito carente de emprego, a maioria tem trabalhos informais e com a realidade do isolamento social, nos vimos em situações que jamais poderíamos imaginar. A doação que recebemos da Credicitrus foi um grande gesto de amor e solidariedade para com os moradores da nossa cidade”, ressalta Ana.
O projeto Marmitas do Amor tem um trabalho voltado para pessoas em situação de rua e algumas famílias que não têm condições de prepararem em casa o seu alimento. Normalmente recebem doações de mantimentos para o preparo das marmitas, porém, devido ao alto custo, sempre faltam as proteínas como carne e frango. “Geralmente nossas campanhas de doação são voltadas para esses itens que não podem faltar. Com essa doação, vamos conseguir distribuir cerca de 4 mil marmitas” afirma Rosely Lopes Beato, uma das idealizadoras do projeto.
Com esse exemplo comprovamos que, partilhando ideias, conseguimos viabilizar oportunidades e gerar grandes impactos na sociedade. São pequenos questionamentos que se transformam em grandes ações de destaque em meio à multidão.
Unindo forças com cooperados, colaboradores e instituições com propósitos parecidos com os nossos, podemos amenizar os efeitos negativos que a pandemia trouxe para muitas famílias.